O 0 nem sempre foi bem-vindo. Em certos períodos da Idade Média, algumas cidades europeias restringiram o uso dos “algarismos arábicos” — e o zero entrou no pacote. Por quê? Medo de fraudes, desconfiança religiosa e… poder do hábito.

De onde veio o zero?
O zero como número (e não só como espaço em branco) floresceu na Índia por volta dos séculos V–VII. Matemáticos como Brahmagupta formularam regras de operações envolvendo o 0. Depois, o conceito viajou para o mundo árabe, ganhou o nome de ṣifr (“vazio”) e, a partir do século XII, começou a chegar à Europa pelas rotas comerciais e pelos centros de tradução.
• Permitiu a notação posicional (10 ≠ 1).
• Tornou cálculos longos muito mais eficientes que os feitos com números romanos.
• Abriu caminho para a álgebra e para a matemática moderna.
Quando o zero virou “suspeito”
Em plena Itália comercial (séculos XIII–XIV), cidades como Florença restringiram o uso dos algarismos “arábicos” em livros-caixa e documentos públicos. Motivos principais:
- Fraude: temia-se que um 0 pudesse ser acrescentado (100 → 1000) ou que dígitos fossem manipulados mais facilmente do que em romanos.
- Desconfiança cultural: o sistema era “novo” e associado ao mundo árabe; faltava alfabetização numérica.
- Tradição burocrática: tribunais e ofícios oficiais estavam acostumados aos romanos; mudar exigia treinamento.
Na prática, mercadores continuaram usando os algarismos indo-arábicos nos cálculos do dia a dia (porque eram melhores) e convertiam para romanos quando precisavam registrar oficialmente.
Quem ajudou o zero a “vencer”
Textos como o Liber Abaci de Fibonacci (1202) popularizaram o sistema de posição e mostraram sua superioridade para comércio, câmbio e juros. Com a expansão do crédito, das feiras e da contabilidade dupla, o velho medo foi cedendo à eficiência: o 0 virou indispensável.
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Curiosidades rápidas
- O zero como algarismo (símbolo de lugar) surgiu antes do zero como número com regras; a Índia uniu as duas ideias.
- A palavra “cífra” (de ṣifr) originou “cifrar/decifrar” — conexão histórica entre números e escrita.
- Sem o 0, algoritmos modernos, computação e ciência financeira seriam impraticáveis.
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Conclusão
O zero foi um “forasteiro” que virou herói. De símbolo visto com desconfiança a peça central da matemática, sua história mostra como ideias poderosas podem encontrar resistência — até que a utilidade fale mais alto. Hoje, é impossível imaginar a ciência (e a economia) sem ele.
Referências sugeridas para leitura
- Fibonacci, Liber Abaci (1202) — difusão dos algarismos indo-arábicos na Europa.
- História da Matemática — capítulos sobre Índia clássica e matemática árabe.
- Artigos sobre restrições ao uso de algarismos “arábicos” em cidades italianas (séc. XIII).