Triângulo Mágico — somas iguais em todos os lados
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O que é
Um triângulo mágico é um triângulo (geralmente equilátero) no qual colocamos números em pontos específicos dos lados (vértices e posições intermediárias) de forma que a soma em cada lado seja a mesma constante \(S\).
Ao contrário do quadrado mágico (que soma linhas/colunas/diagonais), aqui só interessam as três arestas do triângulo.
Formatos mais usados
- 1–6 (6 posições): 3 vértices + 3 pontos médios — cada lado contém 3 números.
- 1–9 (9 posições): 3 vértices + 6 pontos intermediários — cada lado contém 4 números.
Os vértices pertencem a dois lados (contam “duas vezes” quando somamos lado a lado), enquanto os pontos intermediários pertencem a um lado só.
Como calcular a soma-alvo \(S\) (contagem dupla)
Seja \(C\) a soma dos vértices e \(E\) a soma dos demais pontos. Se a soma em cada lado é \(S\), então a soma “lado a lado” vale \(3S\). Pela contagem de incidências:
\[ 3S = 2C + E. \]
Como \(C+E=T\) (soma total dos números usados), obtemos a fórmula prática:
\[ \boxed{\,S=\dfrac{C+T}{3}\,}. \]
Casos clássicos.
- 1–6: \(T=1+\cdots+6=21\) ⇒ \(S=\dfrac{C+21}{3}\).
- 1–9: \(T=45\) ⇒ \(S=\dfrac{C+45}{3}\).
Logo, para um conjunto fixo de números, \(S\) depende da escolha dos vértices (de \(C\)). Além disso, \(C+T\) precisa ser múltiplo de 3.
Estratégias de construção
- Escolha os vértices primeiro. Valores maiores nos vértices costumam elevar \(S\).
- Calcule \(S\) com a fórmula e chegue “informado” para preencher as arestas.
- Complete um lado de cada vez, usando a soma que falta para decidir os pontos intermediários.
- Use simetria. Rotacionar/refletir uma solução gera outras equivalentes.

Exemplos resolvidos
Exemplo A — Triângulo mágico 1–6 (3 números por lado)
Objetivo: usar os números 1–6 nas 6 posições (3 vértices + 3 pontos) para que cada lado some o mesmo \(S\).
Ver uma solução com \(S=9\)
Vértices: \(A=1,\ B=2,\ C=3\) ⇒ \(C=6\). Logo \(S=\dfrac{6+21}{3}=9\).
Pontos nas arestas: AB = 6, BC = 4, CA = 5.
Checagem: AB: \(1+6+2=9\); BC: \(2+4+3=9\); CA: \(3+5+1=9\).
Esta é a configuração exibida na primeira capa do artigo.
Exemplo B — Triângulo mágico 1–9 (4 números por lado)
Objetivo: usar 1–9 nas 9 posições (3 vértices + 6 pontos) para somas iguais.
Ver uma solução com \(S=17\)
Vértices: \(A=1,\ B=2,\ C=3\) ⇒ \(C=6\). Então \(S=\dfrac{6+45}{3}=17\).
Pontos nas arestas: AB = 5 e 9; BC = 4 e 8; CA = 6 e 7.
Checagem: AB: \(1+5+9+2=17\); BC: \(2+4+8+3=17\); CA: \(3+6+7+1=17\).
Generalizações e viabilidade
Qualquer conjunto de números pode ser usado (ex.: 0–5, múltiplos de 5 etc.). A fórmula geral continua valendo: para soma total \(T\) e soma dos vértices \(C\),
\[ S=\frac{C+T}{3}\quad\text{(precisa ser inteiro).} \]
Depois, resta verificar se os números restantes conseguem completar cada lado até \(S\) sem repetições. Em sala de aula, isso vira um excelente problema de backtracking curto.
Para conexões legais: compare o “padrão de vãos e repetições” do triângulo mágico com o Triângulo de Sierpiński (fractal), e contraste com o Triângulo de Penrose (ilusão de perspectiva). A ideia de contagem dupla que usamos aqui conversa com identidades no Triângulo de Pascal.
Exercícios (enunciado + solução em toggle)
Exercício 1 — Enunciado
No caso 1–6, mostre que \(S\) é da forma \(\dfrac{C+21}{3}\). Quais escolhas de vértices tornam \(S\) inteiro?
Ver solução
Da contagem dupla: \(3S=2C+E\) e \(C+E=21\) ⇒ \(3S=C+21\) ⇒ \(S=(C+21)/3\).
Logo, \(C\equiv -21\equiv 0 \ (\mathrm{mod}\ 3)\). As escolhas de vértices devem ter soma múltipla de 3 (ex.: {1,2,3}, {1,5,6}, {2,4,5}, {3,4,6}…).
Exercício 2 — Enunciado
Construa um triângulo mágico 1–6 com \(S=10\) ou explique por que é impossível.
Ver solução
Precisamos de \(S=(C+21)/3=10\) ⇒ \(C=9\). Há várias trincas com soma 9 (ex.: {1,2,6}, {1,3,5}, {2,3,4}). Escolhendo {1,3,5} nos vértices, tente completar as arestas com {2,4,6}. Uma possibilidade é AB=4, BC=6, CA=2, que checa: AB \(1+4+3=8\) (falhou). Ajustando: AB=6, BC=2, CA=4 ⇒ AB \(1+6+3=10\), BC \(3+2+5=10\), CA \(5+4+1=10\). Portanto, é possível.
Exercício 3 — Enunciado
No caso 1–9, prove que \(S=\dfrac{C+45}{3}\) e encontre uma escolha de vértices que torne \(S\) par.
Ver solução
Idêntico ao caso anterior: \(3S=2C+E\) e \(C+E=45\) ⇒ \(S=(C+45)/3\).
Para \(S\) par, \(C+45\) deve ser múltiplo de 6 ⇒ \(C\equiv 3\ (\mathrm{mod}\ 6)\). Ex.: {1,2,6} soma 9 ≡ 3 (mod 6) ⇒ \(S=(9+45)/3=18\) (par). Checa-se por tentativa preenchendo as arestas com os demais números.
Exercício 4 — Enunciado
Generalize: dado um conjunto de números com soma total \(T\), prove que para qualquer triângulo mágico a soma em cada lado é \(S=\dfrac{C+T}{3}\), onde \(C\) é a soma nos vértices.
Ver solução
Cada lado soma \(S\). Somando os três lados dá \(3S\). Ao somar “por pontos”, cada vértice aparece em dois lados (peso 2) e cada ponto intermediário em um lado (peso 1). Logo \(3S=2C+E\). Como \(C+E=T\), segue \(3S=C+T\) ⇒ \(S=(C+T)/3\).
Leituras relacionadas (linkagem interna)
- Triângulo de Sierpiński — fractal e autossimilaridade
- Triângulo de Penrose — a figura impossível
- Triângulo de Pascal — padrões binomiais
Use o Pascal para treinar contagem dupla; compare com Penrose (ilusão de profundidade) e Sierpiński (autossimilaridade).